sexta-feira, 15 de maio de 2009

Basílica dos Mártires.

No século XII, a região da Pedreira era completamente abandonada, apesar de em 1775 já lá habitarem algumas famílias com vida própria. Nesta altura a Pedreira passou a chamar-se Chiado (alcunha de um taberneiro que ali tinha o seu negocio e “ao fim da tarde da chiava como um chibo”). No Monte Fragoso, onde existira em tempos uma necrópole moçárabe, foram sepultados os Cruzados ingleses e os soldados portugueses, mártires da tomada de Lisboa aos mouros, e foi ali que, a 21 de Novembro de 1174, D. Afonso Henriques lançou a pedra fundamental dos alicerces da precária igreja de Nossa Senhora dos Mártires, sendo festejado o dia 13 de Maio em nome da Protectora. Esta data encontra-se relacionada com a aparição de Nossa Senhora de Fátima aos pastores, pois foi ao mesmo tempo que na Basílica dos Mártires se festeja o 13 de Maio.

Em termos de simbologia, o brasão da Paroquia caracteriza-se por:
Escudo de ponta em ogiva, esmalte azul-escuro. Esta cor está associada a Nossa Senhora e ao seu manto, que implica, segundo a lei heráldica da iluminura, que todas as figuras devem ser gravas em ouro ou prata;
O listel é branco com a legenda grava a preto “Nossa Senhora dos Mártires de Lisboa”.
As figuras são: luzeiro (uma estrela de ouro de dezoito raios, é uma alusão à Padroeira, Maria Santíssima, a Estrela da Manhã); as palmas (uma em ouro e outra em prata, associadas aos mártires da cidade de Lisboa, aqueles que morreram em combate pela cristandade ); os escudetes (o primeiro, igual ao usado pelos cruzados, resulta de um gesto de gratidão à Virgem Santíssima pela protecção concedida no combate de 21 de Novembro de 1174, após a longa conquista de Lisboa, D. Afonso Henriques lançou a pedra principal para a construção da igreja. O escudete carregado com a cruz tem ligação aos Cruzados, que devido à expansão do reinado de Cristo, aceitaram a proposta de Portugal e se desviaram da rota que os conduzia a Terra Santa; o outro escudete, carregado com escudetes besantados representa D. Afonso Henriques, o fundador da Igreja); a espada de fogo (alude a S. Miguel Arcanjo, príncipe das milícias celestes, fiel à gloria de Deus e defensor da Igreja, protegendo-a dos seus inimigos; foi nesta igreja que se fundou a Irmandade do Glorioso São Miguel Arcanjo, que ainda hoje existe através da Irmandade de São Miguel e Almas) e a basílica (titulo concedido a determinadas igrejas, devido ao seu carácter histórico e monumental).


Junto da Igreja foram edificadas pequenas celas para os clérigos ingleses habitarem, com o objectivo de louvar a Mãe de Deus, até que Gilberto Hasting é elevado a Arcebispo de Lisboa e ao assumir o cargo cria a Paróquia de Nossa Senhora dos Mártires, sendo seu Prior, servindo a Igreja de Catedral (ainda que durante pouco tempo). Vários reis tiveram ligados a esta igreja, incluindo D. João V, que ao ser coroado Rei, aceitou ser juiz da Irmandade do Santíssimo Sacramento e de Nossa Senhora dos Mártires. Foi devido a toda a sua importância história que nos finais do século XIV, o Papa Urbano XIV a condecorou com o estatuto de Basílica.

Cláudia Fernandes.

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